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  As contradições da Hierarquia Católica

Basílica da Santíssima Trindade-Fátima

O apelo lançado esta semana ao Governo pelo Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, para que “as classes mais desfavorecidas sejam menos penalizadas e mais ajudadas”, revela a lentidão com que a hierarquia responde a situações que há muito estão na ordem do dia.
A crítica de D. Jorge Urtiga, Arcebispo de Braga, à “falta de verdade” nos centros de decisão e aos “jogos político-partidários pouco transparentes”, demonstra o receio, diria melhor, o temor que os Bispos portugueses têm quando se pronunciam sobre questões e situações que visam os detentores de poderes sociais e políticos.
O Presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, ao pronunciar-se sobre a actual situação social e económica, não apresenta novidades. Antes enumera uma série confrangedora de generalidades e chavões que, porque repetidos, não trazem um contributo inovador à reflexão. Nada se afirma à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, sobre as causas da crise que afecta os países e o futuro dos povos.
De nada serve a Igreja católica contestar agora “novas formas de liberalização e de imposição forçada de uma cultura da morte, em que as propostas conduzem tendencialmente para a desumanização das relações humanas”. Estes são conceitos do neo-liberalismo que a Hierarquia católica não contestou, nem apoiou padres e teólogos que, solitariamente, o denunciaram, afrontando, com desassombro, os poderes instalados.
Nestes tempos difíceis, espera-se da Igreja Católica, que seja “Mãe e Mestra” - feliz título da célebre encíclica de João XXIII, onde, destemidamente, o Bom Papa, apontava caminhos e apresentava propostas corajosas para a superação das gritantes diferenças que já marcavam os anos 60 do passado século.
Para fazer face à crise, a Hierarquia Católica tem de dar testemunho e exemplos convincentes de que a Caridade é a maior de todas as virtudes.

Espera-se sinais reveladores de uma comunidade cristã preocupada e atenta às necessidades dos mais desprotegidos.
Há muito existem, por iniciativa de leigos e de congregações religiosas, muitas instituições direccionadas para a população carenciada, não só com serviço assistencial, mas sobretudo com projectos de promoção e valorização da pessoa humana. São as Misericórdias, as conferências vicentinas, a Caritas, instituições de apoio aos imigrantes, aos deficientes, aos doentes, às famílias em risco, às crianças e jovens, ou até organismos defensores dos direitos humanos – todos eles, constituídos ou não por cristãos, norteados por valores que a civilização ocidental levou aos confins da terra e que se mantêm com contributos de gente solidária que partilha os seus haveres sem olhar a quem.
Estas atitudes devem servir de exemplo à actuação da própria Hierarquia da Igreja.

Não estranho, pois, as críticas de despesismo e gastos sumptuários feitos por cidadãos espanhóis, durante a recente visita do Papa a Santiago de Compostela, nem o desinteresse com que Bento XVI foi recebido em Barcelona. Como não me admiram as críticas contundentes de cidadãos anónimos, contestando o anuncio da construção de novas construções no recinto do Santuário de Fátima, que recebe dos peregrinos avultadíssimas somas de dinheiro que contrastam com a penúria de um quarto da população portuguesa. Também critico a construção da basílica da Santíssima Trindade, cujo interior me merece toda a admiração como obra de arte, mas não como espaço de oração. Os fiéis que não se amedrontam com as chuvas e intempéries de dias 13, não aceitaríam, de bom grado, mais estruturas   faraónicas que não beneficiariam o ambiente de oração.
Volto a repetir, porque já toquei neste assunto, várias vezes: qual o   montante e o destino das dádivas dos fiéis entregues ao Santuário da Esperança? Por que mantê-lo em sigílio e não torná-lo público? Que temem os responsáveis diocesanos?
Instituições como a Igreja Católica não devem ser contra-testemunhos da Fé e da pregação, mas sim Sinal/Sacramento de Deus.
João XXIII percebeu que só abrindo a Igreja à brisa do Espírito, era possível operar-se a renovação que a humanidade e a comunidade eclesial pretendiam. O mesmo Espírito continua, hoje, a soprar onde e como quer, espalhando carismas em favor da humanidade.
Que a Igreja saiba descortinar nos acontecimentos, nas “alegrias e tristezas dos homens de hoje”, os Sinais dos Tempos, através dos quais Deus nos interpela.

 

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